Obesidade e beleza, um relato de Dr. Deivis
Obesidade e beleza são dois assuntos muito amplos, que envolvem vários nuances e que recebem amplo destaque atualmente, com sua busca incansável para emagrecimento e embelezamento. Lido, há mais de 15 anos, diariamente, com isto, pois muitas pacientes procuram resolver estas questões com uma cirurgia plástica.
Como debatido nesta palestra sobre o assunto, precisamos sempre priorizar a saúde, seja ela mental ou fisiológica. A cirurgia plástica tem sim seu papel na resolução de problemas estéticos, mas sempre pautada na razão e bom senso. A obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública atualmente, não somente em adultos, que já são em torno de 60% de sobrepeso e obesos, como nossas crianças abaixo de 10 anos, com índices chegando a 30%. E estas pessoas, tem o triplo de chance de ter patologias crônicas associadas, como hipertensão, diabetes, dislipidemia, etc.
O cirurgião plástico tem um papel importante como influenciador de novas atitudes destas pacientes que o procuram para melhorar seu contorno corporal. Ele precisa entender "Porque engordamos cada vez mais". Explicar a causa disto e encaminhar seus pacientes para a mudança de estilo de vida, auxiliado ou não por profissionais como Nutricionistas, Educadores físicos, Psicólogos, etc. Não somente para manutenção de seu resultado da cirurgia plástica, mas para ganho em saúde e bem-estar.
Uma dica: Não engordamos porque comemos de mais e gastamos pouco! Isto não é uma explicação causal. É uma resposta lógica, mas não explica porque comemos muito e porque estamos transformando toda esta energia em tecido adiposo (gordura). Nós estamos com nosso "ponteiro" virado para acumulação de gordura. O tecido adiposo é um tecido mediado por hormônios, assim como todos órgãos do corpo. Para um emagrecimento precisamos mudar o "ponteiro", sinalizar nosso tecido gorduroso, para queimar gordura.
O emagrecimento é resultado do correto funcionamento hormonal e metabólico do corpo e isso é conseguido através da atenção à qualidade dos alimentos, independente do foco na quantidade. É importante entendermos que nós não engordamos porque comemos demais, nós comemos demais porque engordamos. Quando o corpo está metabolicamente programado para armazenar gordura, estes estoques ficam presos, dificultando sua queima como energia, isso faz com que as pessoas fiquem famintas constantemente. Repito, as pessoas não engordam porque comem calorias demais e se exercitam de menos. Estes são meros efeitos colaterais de uma alimentação incorreta. Uma vez que uma alimentação verdadeiramente correta é implantada e o metabolismo (e funcionamento hormonal) é regularizado, as pessoas tendem a retomar seus sensos de fome e saciedade, queima natural de gordura, apetite saudável e energia. O emagrecimento permanente não é resultado da quantidade do que comemos, mas, sim, da qualidade do que comemos.
Aí entra uma alimentação Lowcarb ou Paleo que prefiro não rotular, porque na verdade ela é melhor vista como "parei de beber refrigerantes, não uso mais açúcar, abandonei guloseimas, farináceos e alimentos ultraprocessados, baseio a minha alimentação apenas em alimentos naturais e integrais, dando ênfase a vegetais orgânicos (saladas, legumes e frutas), bem como a peixes, aves, carnes e laticínios.
Mas isto é científico? Em ciência, e dentro dela, a medicina e a nutrição, precisam ser baseadas em evidências. Não no achismo, na experiência pessoal ou no que a autoridade falou. São os bons estudos que guiam a melhor conduta, o tratamento. E quando se revisa estes bons estudos, níveis 1 e 2 de evidências ( como ensaios clínicos randomizados e metanálises ), no que diz respeito à perda de peso (emagrecimento), eles não deixam dúvidas, que a melhor estratégia alimentar é com baixo carboidrato (lowcarb) quando comparada a dieta com baixa gordura (preconizada pela diretriz nutricional atual). Hoje, a luz da ciência atual, é negligência não sugerir para os pacientes obesos. Infelizmente, as diretrizes nutricionais atuais, não são baseadas nas melhores evidências e as melhores evidências contradizem estas diretrizes.
Finalmente, começam a aparecer nas revistas médicas, jornais e revistas leigas e na mídia em geral este assunto, com questionamento sobre "as verdades" como gordura faz mal, comer 3/3h, comer menos e gastar mais, jejum faz mal, precisa glicose para energia, etc...
Não existe uma única dieta paleo/lowcarb, mas um consenso: restringir açúcar, ausência de produtos refinados, alimentos processados e restrição ao consumo de grãos. Com isto, são feitas adaptações para o presente.
O estilo alimentar pode variar na quantidade de carboidratos. Quando há necessidade de perda de peso ou controle da glicose, deve-se ter mais controle na ingesta dos mesmos.
Mas lembre! Nem tudo que é lowcarb é saudável (refrigerantes zero, óleos vegetais como soja, milho e canola) e nem tudo que é saudável é necessariamente lowcarb (raízes e frutas mais doces). Em resumo, a quantidade de bons carboidratos consumidos é individual, e focado numa alimentação forte, com boa densidade nutricional, ou seja, COMIDA DE VERDADE !!!
